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reverbs de convolução

Tempo de leitura: 5 minutos

Olá a todos!
Espero que estejam bem e aproveitando este espaço.
Neste texto, gostaria de falar sobre um efeito sonoro interessante e muito utilizado em produções musicais, chamado Reverb de Convolução.

Em um artigo anterior, discuti dois efeitos comuns e expliquei o fenômeno por trás deles. Embora ambos envolvam a propagação das ondas sonoras, o primeiro faz com que o som se propague em zigue-zague pelo ambiente, gerando ondas adicionais que tornam o som mais contínuo, enquanto o segundo (Delay) faz com que o som seja repetido várias vezes, com intensidades cada vez mais baixas.
O reverb foi um dos primeiros efeitos que a tecnologia tentou simular, e hoje é amplamente utilizado em produções musicais, especialmente em gravações de vozes e instrumentos.
Essas gravações podem ser feitas em estúdios isolados acusticamente, com pouco ou nenhum reverb natural, para que o efeito possa ser adicionado posteriormente. Ou podem ser feitas em casa, com equipamentos razoavelmente baratos, acessíveis e de boa qualidade, desde que o ambiente seja isolado para evitar contaminação sonora.
A escolha do tipo de reverb pode ser um fator decisivo para o resultado final da produção musical. Usar ou não o efeito depende do estilo, contexto, andamento e instrumentação da música.
Encontrar o reverb adequado pode ser um desafio, mas existem várias opções disponíveis, incluindo reverbs de algoritmo.
Vou começar falando sobre ele então.

Os reverbs de algoritmo são gerados a partir de predefinições do usuário que determinam o tamanho do ambiente virtual e o tipo de revestimento desse espaço, levando em consideração as paredes ou outros materiais refletores. O software ou hardware, por meio de inúmeros cálculos e processamento, prevê as milhares de ondas que irão compor o reverb, assim como as réplicas do áudio em tempos distintos: Basicamente uma tentativa de simular um reverb natural.
Atualmente, o uso desses reverbs é muito comum em situações em que se deseja economizar tempo na captação de um reverb natural. No entanto, para que o reverb artificial seja convincente e engane o ouvido humano, o software ou hardware que gera o efeito precisa ter boa precisão, o que pode custar grande parte do processamento disponível hoje.
Os softwares de produção e edição de áudio trazem esses reverbs como padrão, facilitando o uso por todos. Mas se quisermos usar reverbs realmente acústicos, as possibilidades são infinitas e muitos reverbs são únicos e exclusivos.

Por exemplo, se você gosta do reverb do banheiro da sua casa ou do ginásio que frequenta, deve perceber que cada lugar tem sua impressão digital que determina como o som se comporta ali.
As impressões digitais também determinam os tipos de reverb mais conhecidos pelo público. Até as grandes cidades do mundo, cercadas por arranha-céus e outros edifícios, possuem um tipo de reverb que parece inigualável.
Provavelmente, você já ouviu diversas vezes o reverb de uma ambulância ou carro de bombeiros passando pela cidade com a sirene ligada.

Capturar esse tipo de reverb requer uma microfonação adequada, considerando a quantidade de microfones, o ângulo de captação, o posicionamento e a distância, entre outros aspectos. Isso demanda tempo e técnica para captar tanto o som direto quanto o reverberado.
Se você quiser usar em sua gravação um reverb característico da cidade de Nova York, por exemplo, é inviável ir até lá apenas para capturá-lo. Além disso, é preciso considerar os outros ruídos da cidade, o que torna difícil encontrar momentos de silêncio total.
Nesse contexto, pode parecer mais fácil simular um reverb de algoritmo do que tentar capturar um reverb natural, mas é difícil alcançar a mesma complexidade do mundo real por meio de cálculos matemáticos. Por isso, os reverbs de convolução se destacam como uma alternativa mais próxima dos reverbs naturais, visto que seu funcionamento é o mais complexo existente atualmente quando falamos de reverbs digitais.

Você pode entender o fenômeno da convoluçãoLendo este artigo da Wikipédia.
Simplificando, trata-se de um cálculo matemático complexo que usa a transformada de Fourier para gerar uma nova função a partir da multiplicação de duas outras.
Na engenharia de áudio, essa técnica é usada para criar arquivos de impulso (os chamados Impulse File ou Impulse response, da sigla IR em inglês), que são gravações do comportamento de um som específico em um ambiente. Por exemplo, gravando o som de uma pistola de partida em uma pista de atletismo, é possível obter a resposta do impulso desse ambiente para quase todas as frequências.
Ao editá-lo, os engenheiros de áudio cortam o impacto direto do som, deixando apenas a reverberação. O resultado é uma resposta do impulso que pode ser usada no processador de convolução para obter a acústica de qualquer ambiente.
Além disso, a convolução pode ser usada para obter a impressão digital de outros efeitos, como amplificadores de guitarra e características de microfones lendários.
Existem muitas bibliotecas de IR’s disponíveis na internet, algumas pagas e de boa qualidade e outras gratuitas, que também não deixam nada a desejar.
É incrível o que a matemática e a tecnologia podem fazer pela música!

Ouça um exemplo em que tento ilustrar o funcionamento.
Eu mesmo fiz: Peguei um som de tiro e fiz um arquivocom dois sons, que na realidade são os mesmos. Porém, um é o tiro talcomo ele soa e o outro depois dele é apenas a resposta ao impacto desse tiro.

Os impulsos sonoros são gravados em arquivos com extensão wav ou aiff, como explicado anteriormente.
Alguns softwares possuem extensões próprias para trabalhar com esse tipo de efeito, como é o caso dos Impulse Files para o SoundForge. E a boa notícia é que eles podem ser baixados gratuitamente!
Infelizmente, o link original do arquivo no site da Sony (agora Magix) não está mais disponível, mas deixo aqui para quem deseja brincar.

Basta extrair os arquivos para uma pasta e acessá-los através da opção effects>Acoustic mirrors no Sound Forge.
Ao abrir, uma janela aparecerá e você poderá procurar o arquivo de impulso que deseja usar através do botão “Browse”. Além disso, é possível fazer ajustes na intensidade do reverb em relação ao som original.
Agora, vamos entender a grande sacada que ocorre quando utilizamos um arquivo de impulso no Sound Forge ou em outro software/plugin que trabalhe com esses arquivos.

Ao utilizar então esse recurso, é possível adicionar ao áudio o som característico de diferentes lugares, como avenidas, aeroportos, ginásios e teatros, tornando a gravação mais realista e imersiva.
Outro exemplo de uso da convolução é nos filmes, em que os atores gravam suas vozes em estúdio, mas em algumas cenas elas soam como se estivessem em lugares específicos, como aeroportos. Esse efeito pode ser criado com a convolução, tornando a gravação mais envolvente.
Porém, é importante lembrar que a convolução pode ser uma dor de cabeça em projetos com várias pistas de áudio e diferentes efeitos processando em tempo real. Por isso, a solução mais viável é utilizar arquivos wav separadamente, com o efeito já aplicado, e fazer o backup dos arquivos originais antes de realizar qualquer alteração.

Bem pessoal, chegamos ao fim de mais um artigo sobre efeitos sonoros e o reverb de convolução. Agora é hora de se divertir!
Use os reverbs em suas montagens, produções ou onde quer que precise de um som diferenciado. Brinque com seus amigos e mostre a eles como é possível falar diretamente da Califórnia, da cidade de Frankfurt ou até mesmo dentro de uma caverna misteriosa sem sair de casa.
Aliás, se você é um gênio criativo, saiba que pode dar uma de engenheiro de áudio e criar seus próprios Impulse Files.

Isso mesmo, você pode gravar com o reverb da casa de um amigo em outra cidade, como se estivesse lá. O processo é simples:
grave um som de impacto forte e audível em um determinado ambiente, edite-o para cortar o som de impacto, ficando apenas com o reverb, e salve-o como um arquivo wave.
É preferível fazer a gravação em estéreo, o que pode ser feito com dois microfones ou com gravadores digitais que já possuem microfones embutidos, ou ainda usando o celular.
Mas espere, não precisa vir à minha casa para aprender a fazer isso, viu?

Aqui está para download gratuito, o reverb do meu quarto.
A captação foi bem simples: Bati com a mão na parede do lado daminha cama bem forte, e depois editei, cortando o impacto desse som e deixando só o reverb.
Vou disponibilizar aqui as duas gravações, uma com o som tal como ele soa aqui e o outro apenas com o reverb.
Use o segundo, ok?

Paulada na parede
Resposta dessa paulada na parede (IR)

É isso. Brinquem a vontade, o limite é a sua criatividade.
Até a próxima!

Entendendo os tipos de efeitos mais usados na produção musical

Tempo de leitura: 3 minutos

Olá!
Espero que todos estejam bem.
Neste post gostaria de falar sobre os efeitos comumente utilizados em produções musicais e os resultados que podem ser obtidos a partir deles.

A maioria dos efeitos disponíveis em processadores e pedaleiras são simulações de efeitos acústicos que ocorrem naturalmente em nosso ambiente e são estudados pela física. Ao produzirmos sons em diferentes ambientes, podemos perceber como eles se propagam.
Por exemplo, quando cantamos no chuveiro e percebemos que nossa voz soa afinada, ou quando falamos diante de um grande morro e ouvimos o som repetido, chamado de “eco” pelas pessoas, mas que na verdade é um tipo de efeito com outro nome.
Começarei então falando sobre o Reverb.

A reverberação ocorre quando o som é gerado e reflete nas paredes, no chão, no teto e retorna em várias réplicas do mesmo som em tempos diferentes, o que resulta em um som contínuo e preenchido. O decaimento do reverb depende do tamanho da sala, e existem vários tipos de reverb, desde curtos até longos.
O reverb é um dos primeiros efeitos de embelezamento sonoro a ser amplamente utilizado e é capaz de dar a sensação de preenchimento em músicas com poucos instrumentos, como um piano soando em uma sala de concerto.

Hoje em dia, o reverb é gerado digitalmente por processadores de efeitos em hardware ou software. No passado, havia grandes salas acusticamente projetadas próximas aos estúdios para emitir e captar o efeito.
Também havia alternativas mais rudimentares, como o tipo mola (usado em amplificadores de guitarra) e o tipo plate (característico de gravações antigas).
Para ilustrar, é possível ouvir exemplos de músicas que utilizam esse tipo de reverb, como “Mar de Rosas” do The Fevers e “Dominique” de Giane:

Mar de Rosas do The Fevers
DOMINIQUE –

Preste atenção no reverb e veja como ele é bem metálico.

Vamos agora explorar o segundo efeito sonoro que é bastante conhecido: o eco, também chamado de delay.
Essa expressão em inglês significa literalmente “atraso”, e é fácil de entender como ele funciona: quando um som é emitido, ele se propaga e, ao encontrar obstáculos no caminho, como paredes ou rampas, parte dele acaba retornando para o ponto de origem.
Esse som refletido é o que chamamos de eco, e seu volume diminui à medida que ele se distancia do lugar onde foi gerado.
O delay é exatamente o tempo que leva para o som refletido retornar, e é um parâmetro fundamental na criação de efeitos sonoros. Ele também é utilizado em outros contextos, como na comunicação por voz via internet e na latência de processamento de dados.

Apesar de ser simples, o delay foi um dos primeiros efeitos sonoros que a tecnologia conseguiu imitar. Na música, esse efeito serviu como inspiração para criar novas sonoridades e dar asas à criatividade dos artistas.
Por exemplo, o canto yodo (ou jodler, como é conhecido na Alemanha), originário dos alpes alemães, se baseia no eco natural das montanhas.
Esse efeito foi incorporado às músicas, às vezes de forma rítmica, e pode ser ouvido em produções musicais modernas, como no remix “Galera de Cowboy” da Dalas Company, que usa um delay do tipo “ping pong” para criar um efeito estéreo interessante:

galera de cowboy

Preste atenção já no começo da música o “ping pong” do delay de acordo com o ritmo.

Ao explicar os dois efeitos, podemos concluir que o reverb consiste em milhares de fragmentos pequenos de delays em variações de tempo diferentes.
A tecnologia transformou o delay e o reverb em efeitos digitais, possibilitando a criação de novos tipos de efeitos a partir da manipulação das ondas sonoras, muitos deles baseados em efeitos já existentes.
Por exemplo, o efeito flanger cria uma sensação de “som entubado” usando vários delays curtos com variações periódicas de tempo, geralmente entre 10 a um milésimo de segundo.
O Phaser funciona de forma semelhante, mas com variações ainda menores, entre zero e um milésimo de segundo.
O Chorus é outro efeito muito utilizado na produção musical, simulando a sensação de várias pessoas cantando em uníssono, com pequenas variações de tempo e afinação.
Já o Pitch é um efeito de rotação que altera a afinação e a velocidade do som, com possibilidades de ajuste por oitava, intervalo, tons e semitons.

Por fim, o Equalizador é um tipo de efeito que permite ajustar o volume de determinadas frequências, podendo ser usado para editar, modificar timbres e dar uma outra cara ao som.
Os controles disponíveis nos equalizadores dependem do tipo de equalizador, sendo os gráficos com controles deslizantes e de várias bandas os mais comuns. Já os equalizadores paramétricos permitem um controle ainda maior da amplitude e das frequências vizinhas.

Com esses efeitos, um produtor musical tem a possibilidade de criar uma variedade de sons e timbres em suas produções.
Há muitos outros efeitos disponíveis e serão abordados em posts futuros.
Espero que tenham gostado. Deixem seus comentários abaixo!
Até a próxima!